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Museu Monte Palace

 

Natureza, cultura e arte

 Três galerias e uma imensa paisagem, que se perde de vista. Eternamente designada como “Pérola do Atlântico”, a Madeira reserva alguns tesouros escondidos para quem tem o privilégio de a visitar. O Museu Monte Palace é um deles. Propriedade da Fundação Berardo, possui duas galerias dedicadas à escultura e uma terceira que alberga uma vasta colecção de minerais provenientes do mundo inteiro.

 

“Paixão Africana”

 Nos dois pisos que o museu dedica a esta exposição, encontram-se mais de mil esculturas contemporâneas, originárias do Zimbabué, datadas dos anos 66 a 69 do século passado. Para além de uma apresentação detalhada dos seus artistas, a visitante pode ainda conhecer o ambiente em que as peças foram produzidas e originalmente expostas, através de uma fiel recriação do mesmo.

 A escultura em pedra do Zimbabué é um movimento artístico iniciado na década de 60, sendo actualmente um dos mais destacados da cena internacional, e somando já três gerações de artistas. A comunidade de Tengenenge, aqui representada, é parte integrante do movimento desde 1966. O acervo destas esculturas da Colecção Berardo é único no mundo, reunindo obras da primeira geração de artistas. Sobre este aspecto, sublinhe-se ainda que, em 1981, José Berardo adquiriu mais de 2500 esculturas que se encontravam expostas num jardim de cactos em Pretória, na África do Sul. Igualmente interessante é a presença de inúmeras obras de escultoras, como Erina Fanizani: as mulheres de Tengenenge assinam o seu trabalho com o próprio nome, o que reflecte um estatuto individualizado enquanto artistas.  

Segredos da Mãe Natureza

 São centenas de minerais provenientes da América Latina (Brasil, Argentina e Perú), América do Norte, Portugal, Zâmbia e África do Sul. Nesta exposição estão patentes cerca de 700 amostras dispostas em cavidades, que tentam simular o ambiente de formação dos minerais nas profundezas do nosso planeta. Outras encontram-se “suspensas”, dando a sensação de um espaço planetário onde massas rochosas gravitam livremente.

 Nesta exposição, destaque ainda para os melhores amigos das mulheres, uma vez que o brilho dos diamantes chega a ser ofuscante! Aqui poderá assistir a um espectáculo único, com as cores, brilhos e formas geométricas que deram origem a jóias, coroas de monarcas e objectos decorativos ao longo de toda a História.

Éden Tropical

 No Monte Palace, 70 mil metros quadrados de jardim tropical acolhem uma abundante colecção de plantas exóticas, provenientes dos quatro cantos do mundo, juntamente com cisnes e patos que povoam a lagoa central e pavões e galinhas que circulam livremente nas restantes áreas do jardim.

Azáleas e Orquídeas dos Himalaias, Urzes da Escócia, Proteaceae da África do Sul e uma rara e singular colecção de Cicas são apenas alguns dos milhares de espécies que pode encontrar no jardim. Os visitantes poderão ainda deparar-se com a presença de uma Garça-Real, uma ave de grande estatura que, quando ancorada na lagoa, tem cerca de um metro de altura. A sua plumagem é cinzenta e branca e as suas patas longas são de um amarelo alaranjado. Por sua vez, as lagoas estão povoadas por uma grande variedade de peixes Koi, de diferentes cores e tamanhos, que podem chegar a viver até aos cem anos.

 

 

Flora nativa e azulejaria

 Neste espaço, José Berardo fez questão de preservar e ampliar a flora natural da ilha da Madeira, designada por Floresta Laurissilva. O motivo é simples: os constantes incêndios do período de colonização (1420), bem como a exportação de madeira em larga escala para o continente, contribuíram para a devastação da floresta nativa. Embora partes da vegetação tenham sobrevivido, muitas das espécies endémicas da Madeira encontram-se, ainda hoje, em vias de extinção. Desta forma, passear neste jardim é sinónimo de vaguear por um Património Natural Mundial, assim considerado pela UNESCO desde 1999.

O utra característica interessante deste jardim é a grande colecção de painéis de azulejos colocados ao longo dos passeios. Adquirida por José Berardo, sob a orientação do especialista Manuel Leitão, é considerada uma das maiores e mais ricas colecções do país, agrupando desde exemplares híspano-mouriscos dos séculos XV e XVI a painéis contemporâneos. Lado a lado com esta flora nativa, encontram-se ainda os dois jardins orientais do Museu. Um espaço associado ao Budismo e à cultura zen, ideal para repor energias e equilibrar os sentidos.

 

Alberto Cédron

 O fascínio de José Berardo pelo Japão e pela influência portuguesa no Oriente fez ainda com que o Comendador tivesse encomendado a realização da obra “A Aventura dos Portugueses no Japão” ao artista argentino Alberto Cédron. O painel resultante consiste numa estrutura de ferro ao qual foram afixadas 166 placas em terracota, com a história das relações sociais, culturais e comerciais entre Portugal e Japão, em meados do século XVI. As cores vibrantes da peça produzem um efeito interessante, potenciado pelo verde do jardim onde se encontra exposta.

 Ao mesmo artista, José Berardo encomendou ainda uma colecção de 40 azulejos de terracota, denominada “História de Portugal”, retratando os principais episódios, desde o reinado de D. Afonso Henriques à adesão de Portugal à União Europeia.

 Por todas estas razões, a visita ao Museu Monte Palace é uma obrigatoriedade. Um museu exótico, onde a Natureza e a Cultura se encontram. Existirão muitos outros lugares assim?

Ana Catarina Pereira

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