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Cràse

Uma loucura editada a três

 

 Luís Felício, de 27 anos, e Nuno Brito, de 28, são dois dos editores deste novo projecto. A eles se juntou o mexicano Rober Diaz, o que faz com que Cràse seja uma revista inter-continental, produzida entre três cidades: Lisboa, onde o Luís reside, Porto, onde vive o Nuno, e Cidade do México, para onde regressou o último editor, depois de ter vivido um ano em Portugal.

 

O amor à poesia

 As formações dos três editores desta revista são distintas: Luís Felício é licenciado em Filosofia, Nuno Brito em História e Rober Diaz em Ciência Política. A paixão pelas letras, e sobretudo pela poesia, uniu-os há cerca de dois anos, quando participaram num concurso para Jovens Criadores organizado pelo Clube Português de Artes e Ideias.

 O plano de criarem uma revista literária foi sendo traçado à medida que iam descobrindo outros interesses em comum. Passados dois anos o projecto concretizou-se e já está à venda em livrarias. Tem um nome curioso, admitimos. Cràse é a supressão de fonemas em palavras e um processo que se vai realizando à medida que a língua evolui: os verbos “ver” e “ser”, por exemplo, já se escreveram “veer” e “seer” em português arcaico. E o que tem isso a ver com a nova revista literária? Luís Felício explica-nos que, com doses equilibradas de humildade e de ambição, pretendem que a revista esteja a par do seu tempo. É por essa razão que procuram jovens talentos e valores emergentes: “O nosso objectivo é juntar, em páginas, os novos autores da nossa geração.”

 Atentos ao que se passa na blogoesfera, estão também abertos a novas sugestões e críticas dos leitores: “Apesar de existirem algumas coisas menos boas na Internet, há também blogs muito interessantes e dinâmicos, de autores que ainda não tiveram oportunidade de publicar em papel.” Sem perspectivarem a passagem para uma revista online, com um formato mais económico, Nuno Brito acrescenta: “O objectivo é publicar autores que consideremos urgente divulgar, pelo valor e pela invisibilidade que têm”.

 

O que é que a revista tem?

 A Cràse será uma publicação quadrimestral que incluirá também, noutros números, alguns contos e ensaios literários. O grafismo, concebido por Ana Lúcia Nobre, é assumidamente simples, sendo a opção justificada por Luís Felício num tom poético: “Procurámos despojarmo-nos da forma, para que as letras pudessem respirar. Na poesia, são as relações entre as palavras que criam a imagem.” Para o editor, não faz sentido que Portugal continue a ser considerado um país de poetas e mantenha vendas tão baixas de livros de poesia: “Foi por isso que optámos por um formato assim tão grande (página A4) - para tentar dar mais visibilidade à poesia.”

 

Pontos de venda

 Por enquanto, os exemplares desta revista estão à venda em apenas duas livrarias do país: a Trama, na Rua Filipe Néri, em Lisboa, e a Poetria, na Rua das Oliveiras, no Porto. Brevemente, garantem-nos, estarão disponíveis noutros locais.

Cada número custa sete euros, uma vez que são os próprios editores que financiam o projecto. Sem qualquer tipo de publicidade ou de apoios institucionais, gostariam de aumentar a tiragem (250 exemplares) e chegar a mais pontos do país.

Ana Catarina Pereira

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