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Caso Lourinhã:

A história de um assassino que matava por ciúme

 Na semana passada, um suspeito de triplo homicídio colocou a Carqueija na abertura de todos os noticiários televisivos e nas primeiras páginas dos jornais.

 Francisco Leitão - o “rei dos gnomos” ou o profeta com poderes ditos sobrenaturais - terá sido invadido por um ciúme doentio que o levou a cometer três vinganças fatais. Telemóveis e cartões multibanco das vítimas que lhe são imputadas foram encontrados na sua casa pela Polícia Judiciária. Os três desaparecidos, alegadamente assassinados, são Ivo Delgado, com quem Francisco Leitão terá tido um romance de seis anos; Tânia Ramos, namorada de Ivo à data do seu desaparecimento, em 2008; e Joana Correia, a última vítima, namorada de Luís Carlos, adolescente de 16 anos por quem Francisco Leitão se teria apaixonado recentemente. Motivos passionais parecem assim estar na origem destes crimes, que agora nega perante os tribunais.

 Carqueija é uma terra com poucas casas, quase todas elas de emigrantes que só as habitam um mês por ano. Os jovens há muito parecem ter abandonado o lugar, anexo da freguesia de São Bartolomeu dos Galegos, concelho da Lourinhã. Os idosos que por aqui insistem em permanecer vivem do campo. As únicas notícias que lhes interessam dizem respeito à previsão meteorológica que lhes ditará as boas ou más colheitas. Têm as mãos calejadas e o olhar cansado. A juntar à dureza da vida que levam estão agora incrédulos com o mediatismo que a terra adquiriu. Estão fartos de jornalistas munidos de câmaras e máquinas fotográficas em punho: “Deixem-nos em paz!”, pedem em tons que vão da zangada ordem à mais sentida súplica.

 Os poucos que aceitam falar confessam o choque. O raciocínio é comum: “um homem dali, que realmente mora numa casa estranha e que sempre gostou mais da noite que do dia, é acusado de ter matado três pessoas, entre elas uma menor de 16 anos. Como diabos isto foi acontecer, em terra tão pacata onde nada se passa?” Ora vejamos: “Bem vistas as coisas, ele sempre gostou de homens. Lá casou, para disfarçar, mas ele era mesmo homossexual. E nem sequer era só isso. Ele gostava de meninos mais novos... Ia buscá-los à Bufarda e trazia-os aqui para casa.” É desta forma que agora se pensa, à luz das notícias que lhes chegam pelos telejornais.

 Nem dá para acreditar mas… pensando bem, já existiam alguns indícios. É o que afirma Rogério Nunes, primeiro sogro de Francisco Leitão e natural da freguesia de Bufarda: “O dia em que a minha filha casou foi o mais triste da minha vida, entrei na igreja com as lágrimas a escorrerem-me pela cara abaixo.” E não era da emoção, já que Rogério Nunes tinha sido contra aquela união desde os primeiros tempos de namoro: “Nunca o achei muito normal. Tinha assim uns modos estranhos. É claro que, passado pouco tempo, a minha filha estava a pedir-me que a voltasse a aceitar em casa.” Perguntamos-lhe se sempre foi dado a este tipo de pressentimentos. Com o pragmatismo de um homem do campo, responde: “Ela era muito nova quando casou - tinha 19 anos e não sabia o que fazia. Só estiveram juntos dois meses. A minha filha pensava que ele era um homem e não era. Via-se perfeitamente que ele era maricas!” Suspeitas de pai que, mais tarde, a filha viria a confirmar: “Um dia ela chegou a casa e ele estava na cama com outro homem.”

 Francisco Leitão ainda terá estado com outra mulher, com a qual teve um filho, mas a relação, adianta Rogério Nunes, também foi pouco duradoura. Numa terra tão pequena, parece normal que qualquer orientação sexual que contraste com a da maioria seja imediatamente reprimida. Nada que nos espante. Mas também nada que justifique três crimes, e uma ponta de véu que se levanta para outras histórias. Rogério Nunes tem as suas suspeitas: “Isto não fica por aqui! Ele não matou só essas três pessoas! Há uns dez anos desapareceu um senhor de idade, que até tinha uma boa reforma, e que era amigo dele. Ele era daqui e nunca mais ninguém soube nada do homem. Cá para mim…” A hipótese ainda não foi descartada pela Polícia Judiciária que garante continuar a investigar todas as possibilidades.

 

À procura da história de vida

 Tentámos perceber os motivos. Como se matam três pessoas, num lugar tão pacato como o de Carqueija? Terá sido Francisco Leitão sempre assim, ciumento ao ponto de anular as mulheres que lhe provocam este sentimento e o homem que o trocou por outra mulher? Para responder a esta questão recuámos no tempo e reconstruímos os seus primeiros anos de vida, com o auxílio de uma testemunha imparcial.

 A irmã, Dina, recusa-se a falar. À porta da sinistra casa onde vive com o marido e o próprio irmão grita histericamente a jornalistas e fotógrafos que “parem de fotografar”, que “desapareçam”, que os “deixem em paz”. Do outro lado da rua, um vizinho a quem perguntamos o que pensa de toda esta situação, hesita em responder. Ao fim de algum tempo, vai soltando uns desabafos: “A mim, o rapaz nunca me fez mal nenhum. Antes pelo contrário.” Amâncio Santos tem 73 anos, há 55 que aqui vive e que viu crescer o homem de quem tanto se fala: “Eu, graças a Deus, nunca precisei da ajuda dele. Mas houve quem precisasse, para ir ao hospital em situação de aperto ou outras coisas e ele foi sempre prestável. Nunca dizia que não a ninguém. Houve muitas vezes em que até me foi levar o almoço ao campo, onde eu trabalho, para a minha mulher não ter que lá ir e se cansar.” 

 Já Salvador Ferreira, presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu dos Galegos, manifesta mais reservas nos elogios. Prefere não falar sobre as companhias masculinas e nega saber que Francisco Leitão gostava de passear com adolescentes: “Nunca soube de nada disso. Agora, já há mais de um ano que não o via. Eu tinha poucas conversas com ele...” Como bom político que se preze, a sua preocupação está mais centrada na imagem da aldeia: “Só tenho pena que a minha terra esteja a ficar conhecida por isto. Nunca quiseram saber de nós para nada, sempre aqui vivemos sossegados, e agora acontece uma coisa destas.” Pelo que tem falado com a população local, garante que ninguém esperava um desfecho assim: “As pessoas estão chocadas! E eu não posso fazer nada para melhorar isto.” Quanto aos supostos crimes fiscais e roubos de que Francisco Leitão também é acusado, Salvador Ferreira continua a mostrar cepticismo: “Não sei de nada. Não faço ideia de como é que ele ganhava dinheiro.”

Nas ruas, entre a população local, vão aumentando as suspeitas e a vontade de exercer um tipo de justiça a que chamam popular. Sempre que paramos para pedir indicações olham-nos desconfiados. Já sabem a que vêm os estranhos e alguns não se coíbem de dizer: “Deixem-no lá sair da prisão que ele vai ver o que lhe acontece. Se for preciso, eu dou uma ajuda. Cortamos-lhe o pescoço, e depois damos tudo aos porcos, como ele fez com os outros.”

 Ainda na Bufarda, a cunhada de Francisco Leitão fecha-nos a janela: “Não tenho nada a dizer. Eu e o meu marido nunca nos demos bem com ele, por coisas cá nossas, que não vos interessam.” Poucos dias antes deste nosso contacto, fora noticiado que Francisco Leitão tinha colocado vídeos do sobrinho (filho desta cunhada) na Internet, em poses sensuais capazes de provocar mentes deturpadas. Por esta razão, a cunhada e o próprio irmão de Francisco proibiram o filho de voltar a contactar com o tio.

Também Luís Carlos, o jovem a quem alegadamente Francisco Leitão terá matado a namorada, se recusa a falar connosco. Fecha-se na casa onde mora e não abre a porta a quem lhe queira colocar algumas questões. Um miúdo que passa dá-nos uma breve explicação: “Ele anda no psicólogo e está a ficar traumatizado com isto tudo. Ontem disse-me que não quer falar com mais ninguém.”

 

A professora primária de Francisco Leitão

 Apesar das dificuldades, insistimos. Alguém nesta terra teria que falar, o mais objectivamente possível, sobre o passado de Francisco Leitão. Alguém que o conhecesse desde os seus primeiros anos de vida e que, como nós, tentasse perceber de onde vem o impulso para cometer três homicídios.

Foi assim que encontrámos Fátima Ferreira, antiga professora primária da freguesia do Paço, que deu aulas a Francisco Leitão e aos seus três irmãos. Já reformada, e continuando a residir na pequena localidade, mantém um bom contacto com os antigos alunos: “uns são professores, outros engenheiros, um deles até foi agora ordenado padre. Eu não sei o que se passou com este. Ainda estou muito chocada!” Em voz baixa, recorda a infância de Francisco Leitão: “Ele era um aluno razoável, que nunca dava problemas. Às vezes os miúdos tinham brincadeiras mais perigosas, de partir coisas ou atirar pedras, mas ele nunca foi de se meter nisso. Enquanto andou na escola, nunca deu problemas.”

Apesar do bom comportamento, os primeiros anos de vida foram, no entanto, de constantes perdas. Ainda antes de completar a quarta classe, com oito ou nove anos de idade, Francisco Leitão viu a mãe falecer, vítima de cancro, enquanto o pai perdeu uma perna, num acidente de tractor: “Ele sofreu muito, nessa altura”, recorda a antiga professora. Passados poucos anos, o pai voltou a casar, desta vez com uma mulher de Setúbal, pelo que decide abandonar a freguesia de Carqueija, a casa e os três filhos mais velhos, ainda todos menores de idade. A filha mais nova terá ido morar com o pai, mas regressou passado pouco tempo.

 Os quatro irmãos viram-se assim obrigados a crescer e a auto-sustentar-se, trabalhando num ferro velho. E é nessa altura que Fátima Ferreira começa a reconhecer “comportamentos estranhos” em Francisco Leitão: “Ele tinha uns 14 ou 15 anos e andava sempre com fotografias de homens e mulheres nuas. Conduzia uns carros velhos e trazia a música muito alta…” A juntar a estas excentricidades, o antigo aluno dirigiu-se à professora primária dizendo-lhe que tinha comprado uma máquina fotográfica nova e que queria fotografar “os meninos da escola”. O pedido foi imediatamente recusado, mas Francisco Leitão insistiu durante alguns meses, com vários telefonemas e cartas. Terá posteriormente desistido sem que ninguém sofresse as consequências.

 Anos mais tarde, Francisco Leitão foi começando a adaptar a antiga casa dos pais, que então, segundo a professora primária, era apenas um barracão com poucas condições habitacionais. O “castelo” tem hoje seis câmaras de vigilância, estátuas da Nossa Senhora, da Branca de Neve e de vários gnomos, fontes e relógios de sol: “Eu sempre achei aquela casa assustadora. Havia qualquer coisa de muito estranho ali, fazia-me impressão”, recorda Fátima Ferreira.

 Sobre o primeiro casamento de Francisco Leitão, a antiga professora primária tem também uma versão coincidente com a do antigo sogro: “A rapariga, que até era boa moça, deixou-o porque, segundo dizem, ele já andava a fazer vida com outros homens.” A partir daí, os rumores e polémicas foram aumentando: “Depois disso, começaram-me a dizer que ele tinha uma garagem, na freguesia de Sezareda, onde tinha carros roubados. Não sei se é verdade, mas também ninguém percebia de onde é que lhe vinha o dinheiro.” Boatos com algum fundo de verdade, ou acusações que se foram adensando e chamando a atenção da Polícia Judiciária. Ainda assim, segundo Fátima Ferreira, nada que fizesse prever um desfecho destes: “Eu não estava à espera. Sabia que ele tinha aquelas ideias estranhas, mas nunca que seria capaz de matar!”

Hipóteses ainda não comprovadas em tribunal, mas que já alteraram o cognome de Francisco Leitão: de “rei dos gnomos”, o falso profeta da Carqueija passou a “serial killer” e a “psicopata assassino”. Designações fortes que, cientificamente, podem não ser as mais correctas.

 

O perfil psiquiátrico de Francisco Leitão

 A “falta de valores”, a “ausência de sentimento de culpa”, uma “personalidade deturpada”. Quando se tenta perceber os motivos que levam a um triplo homicídio, como o de que Francisco Leitão é acusado, as explicações parecem não sair desta conjuntura. No entanto, do ponto de vista científico, e nomeadamente da psiquiatria, as coisas não parecem ser assim tão simples.

 Para Ana Nava, psiquiatra e grupanalista, directora da Clínica Tágide em Lisboa, um comportamento isolado não determina um diagnóstico: “No caso de Francisco Leitão, um triplo homicídio não é determinante de um diagnóstico de psicopatia.” Juntando peças deste complicado puzzle, a especialista afirma: “Pude observar alguns vídeos na internet de Francisco Leitão, que se auto-intitula ‘Rei Ghob’. Ele apresenta um discurso desorganizado, pouco estruturado, recheado de ideias delirantes e catastróficas - anunciando o fim do mundo - e de ideias delirantes e megalómanas, assumindo o papel de salvador. Provavelmente, este indivíduo sofre de alucinações auditivo-verbais (ouve e vê coisas que não existem), e eventualmente cenestésicas (uma percepção táctil sem que exista o objecto correspondente, a pessoa sente-se picada por insectos ou vermes, pancadas, alfinetadas ou queimaduras), que contribuíram para as ideias delirantes do fim do mundo anunciado.”

 De acordo com Ana Nava, estes sintomas são mais compatíveis com um quadro de psicose esquizofrénica do que com um quadro de psicopatia: “O Francisco Leitão apresenta-se completamente fora da realidade. É filmado em conjunto com jovens pouco ou mesmo nada participativos, que apresentam um ar entre o deprimido e o envergonhado. Está sentado num trono, num contexto físico bizarro. Tem uma completa ausência de comunicação com quem o rodeia e refere mesmo que a pessoa que o filma está a rir sem lhe prestar atenção, mas não reage a esta situação. Tudo é vivido de uma forma estranha e bizarra.”

Relativamente às vítimas dos supostos crimes, a psiquiatra considera que estas deverão ser pessoas frágeis, que não conseguem identificar a doença de Francisco Leitão: acabam por entrar no seu delírio, chegando mesmo a acreditar nele. De acordo com a especialista, o não acompanhamento psiquiátrico inicial deste caso terá levado à consumação dos crimes: “É provável que a sua doença não tratada tenha evoluído para níveis cada vez mais disfuncionais, levando ao homicídio, contextualizado no quadro delirante de fim do mundo. O Francisco aparece como salvador, ao resgatar as pessoas através de algum ritual que as levou à morte, mas com uma vertente de salvação da catástrofe.”

 Apesar de não considerar que este seja o caso de Francisco Leitão, Ana Nava fala-nos ainda da psicopatia. Como em todas as doenças psiquiátricas, e esta não é excepção, existe uma forte componente genética que predispõe o seu agravamento, mas também uma componente ambiental importante que leva ao desenvolvimento deste tipo de personalidade. O meio em que a pessoa é criada, os valores transmitidos e as várias fases da vida que vai ultrapassando condicionam assim o seu comportamento.

 Para Ana Nava, esta é uma patologia grave em psiquiatria, uma vez que é totalmente incompatível com a vida relacional entre os seres humanos. Para além do mais, não existe ainda qualquer tipo de tratamento indicado para os psicopatas: “eles nunca procuram directamente um psiquiatra. Como não têm culpabilidade, não sentem sofrimento psíquico e não têm qualquer motivo para pedir ajuda. Eles acabam por ser avaliados pelos psiquiatras nas prisões, depois de cometerem crimes.” Nessa altura, parece ser já tarde demais para qualquer intervenção. Segundo Ana Nava, associada à falta de culpabilidade e frieza de afectos, existe uma personalidade muito pouco estruturada e a convicção de que nunca vão ser apanhados pelos seus crimes.

 Ao contrário do que possa pensar-se, estes pacientes estão perfeitamente conscientes das suas atitudes, não tendo qualquer falha de memória ou crise de dupla personalidade: “A dupla personalidade corresponde a uma patologia diferente, trata-se de um distúrbio dissociativo associado à histeria. Nesse caso, para fugir a um conflito interno ou externo, o indivíduo assume uma outra personalidade, recalcando a anterior.” Em casos de dupla personalidade, o indivíduo não tem, desta forma, consciência do processo pelo qual está a passar. Segundo Ana Nava, este tipo de mecanismo não existe num psicopata que, se quiser assumir outra personalidade, o faz conscientemente para atingir um determinado fim. O raciocínio é assim pleno, exercido de uma forma fria, calculista e sem qualquer tipo de constrangimento ético. O psicopata traça o seu plano e executa-o sem remorsos.

 

As doenças que podem levar a matar

 Para Ana Nava, existem várias patologias psiquiátricas que podem levar ao homicídio. As mais frequentes são:

- Esquizofrenia: os assassinatos são normalmente cometidos por delírios persecutórios. Os doentes sentem-se perseguidos e matam para se defender.

- Distúrbio bipolar: o homicida vive num contexto delirante de ruína, de sensação de que o fim do mundo se aproxima, associado a um humor depressivo grave. Nestes casos, o homicídio é cometido no intuito de salvar os familiares da desgraça que aí vem e é habitualmente seguido de um suicídio.

- Distúrbio borderline da personalidade: o homicídio é cometido em contexto de conflito real com a vítima, devendo-se a uma incapacidade de conter os impulsos. Perante uma situação de frustração ou de conflito, indivíduos com este tipo de personalidade agem com agressividade. No entanto, posteriormente, demonstram arrependimento e culpabilidade.

- Personalidades psicopáticas: casos em que não existe o sentimento de culpabilidade. São pessoas que não têm capacidade de sentir empatia pelo próximo e, como tal, não sofrem nem se solidarizam com o sofrimento do outro. Assim sendo, estes assassinatos raramente resultam de um acesso de impulsividade não controlada. Indivíduos com este tipo de personalidade têm capacidade de planear estrategicamente um homicídio para atingir determinados objectivos. Estes últimos poderão estar relacionados com vinganças pessoais ou planos megalómanos narcísicos, dos quais, de alguma forma, saiam beneficiados. Habitualmente, a construção destes raciocínios faz pouco sentido para as pessoas saudáveis. Apesar disso, existe sempre um benefício, ainda que muito estranho, para o psicopata, de acordo com uma personalidade desviante e bizarra.

- Personalidades neuróticas: o homicídio pode ser cometido numa situação de conflito, frequentemente passional. No entanto, é necessário que este conflito atinja grandes proporções, uma vez que as personalidades neuróticas têm maior capacidade de conter os seus impulsos. Em caso de assassinato, este tipo de personalidade vive sempre com a angústia da culpabilidade. Ainda que se trate um homicídio involuntário, como por exemplo um atropelamento de alguém que se atira para a estrada, estas pessoas passam o resto da vida atormentadas a pensar que poderiam ter evitado a situação.

 

 

Outros casos em Portugal

António Costa

 Antigo-cabo da GNR, natural de Santa Comba Dão, tinha 53 anos quando respondeu, perante o Tribunal da Figueira da Foz, por 10 crimes, três de homicídio qualificado a Isabel Isidoro, Mariana Lourenço e Joana Oliveira, três crimes de ocultação e um de profanação de cadáver, dois de coacção sexual na forma tentada e um de denúncia caluniosa. Há dois anos que se encontra a cumprir a pena máxima em Portugal: 25 anos.

 

O estripador de Lisboa

 A primeira vítima foi Maria Valentina de 22 anos, conhecida como "Tina". A 31 de Julho de 1992 encontrada num barracão na Póvoa de Santo Adrião – tinha sido estrangulada, cortada, e alguns dos seus órgãos internos removidos.

 A segunda vítima, Maria Fernanda, de 24 anos, foi encontrada a 27 de Janeiro de 1993, noutro barracão, desta vez em Entrecampos. Foi também cortada, com remoção de alguns órgãos internos.

 A terceira e última vítima foi Maria João, de 27 anos, encontrada a 15 de Março de 1993, próximo do local da primeira vítima. Tal como as vítimas anteriores, foi cortada, mas desta vez quase todos os órgãos foram removidos.

 Todas as vítimas eram prostitutas, baixas e morenas. Maria era o primeiro nome comum às três jovens que foram rasgadas com um objecto afiado, que não seria uma faca. Em 2007, passados 15 anos, o caso prescreveu sem nunca ter sido desvendado.

 

Luísa de Jesus

 Foi a última mulher a ser executada em Portugal, no dia 1 de Julho de 1772, em Coimbra. Foi executada aos 22 anos de idade por ter assassinado 33 bebés abandonados na “roda” de Coimbra. O macabro objectivo era apoderar-se do enxoval e ficar com os “600 réis” que eram dados a cada mulher que se encarregava de tratar de uma criança. Em tribunal, a ré só confessou a autoria de 28 homicídios. Foi queimada viva em praça pública.

Ana Catarina Pereira

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