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Salvar uma vida

 É, muito provavelmente, a acção mais reconfortante do mundo. Ou, pelo menos, aquela que transmite maior sensação de utilidade a quem a consegue realizar. Mas a boa notícia é que esta não se encontra apenas ao alcance de médicos, enfermeiros, bombeiros e profissionais de segurança. Actualmente, salvar vidas é um sonho que pode tornar-se realidade para cada um de nós. Basta querer ajudar e tornar-se herói por um dia.

 

Ser dador de medula óssea

 Em Novembro do ano passado, o País mobilizou-se em torno do pedido de ajuda do futebolista Carlos Martins, cujo filho de apenas três anos necessitava urgentemente de um transplante de medula óssea. Até então, o Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão (CEDACE) registava uma média de 20 a 30 novos dadores por dia. De acordo com dados fornecidos pelo Centro, e graças ao apelo do jogador benfiquista, o número de novos dadores que diariamente se inscrevem é agora dez vezes superior, situando-se entre os 200 e os 300.

Para todos os que tiverem vontade de colaborar, o Ministério da Saúde informa, através do seu site (http://www.minsaude.pt/portal/conteudos/informacoes+uteis/doacao+de+orgaos+e+transplantes/medulaossea.htm), que o procedimento é simples. Os dadores têm de ter entre 18 e 45 anos, pesar um mínimo de 50 quilos, não ser portadores de quaisquer doenças crónicas ou auto-imunes, nem ter recebido nenhuma transfusão de sangue desde 1980.

 Após manifestar a sua intenção, o potencial dador preenche um questionário clínico que será avaliado por um médico. Caso não haja nenhuma contra-indicação, o voluntário será chamado para fazer alguns testes. Se tudo estiver bem, os seus dados serão guardados numa base informática nacional e internacional, sendo o anonimato e a confidencialidade uma condição essencial de todo o processo. Depois de doar o seu sangue, o Ministério garante que cada dador será informado sempre que este for utilizado num doente.

 

As questões que todos colocam(Fonte: Ministério da Saúde)

- O que é a medula óssea?

Trata-se de um tecido de consistência mole que preenche o interior dos ossos longos e as cavidades esponjosas de ossos como os da bacia, por exemplo. É nesse tecido que existem células progenitoras ou estaminais (com capacidade para se diferenciarem e dar origem a qualquer célula do sangue periférico), que se renovam frequentemente, mantendo um número relativamente constante.

- O tratamento só pode ser feito através de transplante?

Apesar de genericamente se falar de transplantação de medula óssea, o Ministério da Saúde informa que o que, de facto, se faz é uma reinfusão ou transfusão de células progenitoras retiradas da medula do dador para o doente. Estas células saudáveis vão substituir as células doentes e são responsáveis pela formação de novas células saudáveis.

- Onde devo dirigir-me para me tornar dador voluntário de medula?

Peça informações junto do centro de dadores da sua região (Norte, Centro ou Sul). Com um simples telefonema ficará a saber qual o hospital ou centro de saúde mais próximo onde se poderá dirigir para fazer os testes de compatibilidade.

- Como se processa a colheita de células?

De acordo com o Ministério da Saúde, existem três processos possíveis:

1.Colheita a partir da medula óssea, com células progenitoras colhidas do interior dos ossos pélvicos. Requer geralmente anestesia geral e uma breve hospitalização;

2.Colheita de células progenitoras periféricas, feita no sangue periférico, geralmente a partir de uma veia do braço, através de um processo chamado aférese. O dador tem de tomar previamente um medicamento, que constitui um factor de crescimento que vai fazer aumentar a produção e circulação de células progenitoras no sangue periférico.

3.Colheita de células progenitoras ou células do cordão umbilical. Neste caso, após consentimento prévio da mãe, as células são colhidas do cordão umbilical quando o bebé nasce.

 

 

Um por todos, todos por zero

 Este é o slogan da mais recente campanha promovida pela Unicef em Portugal. A mensagem é clara: segundo dados recolhidos pela agência das Nações Unidas, 21 mil crianças menores de cinco anos morrem diariamente vítimas de doenças que podem ser prevenidas ou tratadas, como diarreia, pneumonia, malária, sarampo, sida ou subnutrição. Tentando contrariar esta tendência, a Unicef encontra-se a recolher donativos para levar cuidados de saúde, água potável, alimentos, vacinas e redes mosquiteiras àqueles que mais precisam. Num mundo globalizado, relembram que a crise económica é internacional e que as crianças que vivem nas comunidades mais pobres do mundo também necessitam de ajuda.

 No site da Unicef encontrará as informações necessárias para efectuar o seu donativo, através de transferência multibanco, online ou realizando uma chamada de valor acrescentado para o número 760 501 501. O piloto Pedro Couceiro, embaixador da Unicef desde 1995, é também um dos rostos desta campanha que, segundo afirma, apela a uma grande sensibilização dos portugueses: «Apesar de vivermos numa sociedade com tanta informação, não temos muita noção do que se passa em países menos desenvolvidos que o nosso. É certo que em Portugal se vivem problemas sociais graves… Mas, apesar de tudo, estes não podem comparar-se às grandes catástrofes humanitárias que vão ocorrendo pelo mundo fora.» Com uma consciência social crítica, o piloto nascido em Angola afirma que a agência das Nações Unidas tem um papel fundamental nesta chamada de atenção e no apoio a crianças necessitadas. Mesmo em ano de crise económica, Pedro Couceiro mostra-se assim confiante no espírito solidário dos portugueses: «Com valores quase simbólicos que não representam um grande esforço para cada um de nós, a Unicef pode fazer uma diferença muito grande lá fora», afirma o piloto.

 

Quanto vale um euro num país em vias de desenvolvimento?

 - 9euros permitem adquirir 180 doses de vacina contra o tétano: o tétano materno e neonatal ameaça a vida de 170 milhões de mulheres e dos seus recém-nascidos em 42 países em vias de desenvolvimento. A imunização completa (três doses) e boas práticas de higiene durante o parto podem evitar a morte diária de milhares de mães e bebés.

 - 15euros permitem fornecer 250 saquetas de sais de reidratação oral para combater a desidratação provocada pela diarreia: a diarreia provocada pelo consumo de água contaminada, falta de saneamento e condições de higiene precárias é uma das principais causas de mortalidade infantil. Os sais de reidratação infantil são uma terapia simples e eficaz que permite uma rápida recuperação.

 - 27euros permitem fornecer três saquetas de alimentos terapêuticos por dia a 25 crianças gravemente mal nutridas: a subnutrição está associada a um terço de todas as mortes de crianças, pois diminui a resistência a doenças. Nos primeiros dois anos de vida a subnutrição provoca danos físicos e intelectuais que ficam para o resto da vida.

 - 40euros permitem fornecer 180 doses de vacina do sarampo: o sarampo, doença altamente contagiosa mas facilmente evitável através da imunização, mata mais de 600 crianças por dia.

 - 55euros permitem adquirir 12 redes mosquiteiras para proteger mulheres e os seus filhos do mosquito causador da malária: a malária é responsável pela morte de uma criança africana a cada 30 segundos. As redes mosquiteiras são um meio eficaz e pouco dispendioso para combater este flagelo.

 

 

Comprar um livro 

 Para além de doar sangue ou algum dinheiro, existem outras formas de ajudar a salvar vidas que se podem concretizar num gesto tão simples como a compra de um livro. «O céu pode esperar» é o título da obra de Adelaide Passos, recentemente publicada com a chancela da editora Marcador e prefácio de João Lobo Antunes. Escrita por uma avó que se recusou a cruzar os braços perante a doença do neto, a sua venda tem como principal objectivo contribuir para a criação de um centro de investigação especializado em tumores cerebrais, associado ao Instituto de Medicina Molecular (IMM), em Lisboa. Cedendo todos os seus direitos de autor, Adelaide Passos quer dar o exemplo e mostrar a outros pais, avós e familiares que podem fazer a diferença no combate a este tipo de doenças, contribuindo financeiramente para a investigação biomédica.

 Como a autora revela à saber viver, o processo de escrita deste livro conheceu várias fases: «Quando soube da doença do meu neto, as minhas melhores amigas começaram a escrever-me e-mails encorajadores, aos quais eu tinha de responder contando novidades acerca do tratamento. Nessa altura, aquilo que escrevia acabou por funcionar como uma espécie de terapia para mim.» Um ano depois, Adelaide Passos percebeu que tinha escrito um verdadeiro diário da doença do neto e que, se mais pessoas com o mesmo problema tivessem acesso a este, poderiam sentir-se reconfortadas.

 Depois de seleccionar e mostrar todas as páginas à filha, decidiu então publicar os seus escritos e apoiar o IMM através da venda do livro, por considerar que a investigação científica tem um efeito multiplicador no futuro de todas as gerações: «O Instituto tem uma credibilidade imensa e uma taxa de sucesso bastante elevada. Eu gostava que, em Portugal, se apostasse mais na investigação científica.  Nós temos grandes investigadores… É importante que eles tenham condições de trabalho cá dentro e que não sejam obrigados a emigrar para outros países», considera Adelaide Passos.

 Na apresentação do livro à imprensa, os responsáveis pelo Instituto sublinharam que a angariação de fundos irá apoiar o desenvolvimento de projectos de investigação laboratorial que procuram conhecer melhor as características genéticas e moleculares dos tumores cerebrais, contribuindo para o avanço científico dos tratamentos actuais. Segundo os mesmos, os tratamentos oncológicos de tumores cerebrais são delineados de acordo com o tipo de tumor de cada paciente. No entanto, tumores aparentemente iguais (do mesmo tipo) podem ter características moleculares e genéticas diferentes, o que origina diferentes respostas ao tratamento, pelo que é necessário continuar a promover a investigação na área.

 

Nota:

 A iniciativa de Adelaide Passos conta com a colaboração da Deloitte Portugal, que certifica a conta bancária especificamente aberta para os donativos da campanha (NIB: 0018 0003 28001360020 56, Banco Santander Totta).

 

Outras formas de ajudar:

 - Apoie financeiramente a família da Carolina Lucas, uma menina de sete anos que nasceu com paralisia cerebral e que está a ser tratada em Cuba. Visite o site www.carolinalucas.com e descubra a sua história.

 - Seja sócio da Abraço (ONG que apoia portadores de VIH/sida) por apenas 66 euros por ano. Descubra como no site: www.abraco.org.pt

 - As casas da Acreditar - associação que apoia crianças com cancro - em Lisboa, Coimbra, Porto e Funchal, recebem, para além de donativos financeiros, alguns materiais específicos para melhorar o dia-a-dia destas crianças. No site www.acreditar.org.pt pode ver quais as necessidades específicas de cada delegação, que vão desde jogos para playstation a pensos rápidos coloridos, passando por fraldas, lápis de cor, bolas e outros brinquedos.

Por Ana Catarina Pereira

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